quinta-feira, julho 12, 2007

"007 - Permissão para matar" (1989) - Por Elis Campos

Example

Lembram daquele James Bond cheio de bom-humor, cortês até no trato com seus adversários? Pois é; parece que, antes de tirar férias no recente "007 - Cassino Royale" (2006), ele fez a mesma coisa no final da década de 80.
Depois dos tempos de glória absoluta que o famosíssimo personagem de Ian Fleming viveu encarnado em Sean Connery (que fez 07 filmes da franquia), 007 passou pelas mãos de Roger Moore (também atuou em 07 filmes), George Lazenby (que fez um único filme da franquia, em 1969), Timothy Dalton (fez dois filmes: um em 1987 e outro em 1989), Pierce Brosnan (fez 04 filmes) e atualmente é interpretado por Daniel Craig.
Dalton fez "007 - Marcado para a morte" e "007 - Permissão para matar". Falarei aqui sobre o segundo, tido com um dos filmes mais violentos da franquia 007.
Timothy Dalton é o típico ator shakespeariano. Seguindo a tradição de boa parte dos atores britânicos, Dalton fez muito teatro. Há quem diga que um dos motivos que o fizeram abrir mão de seu contrato com a MGM para viver James Bond foi a vontade de voltar imediatamente para os palcos, onde ele é consagradíssimo. Estando preso ao compromisso contratual, Dalton ficou impossibilitado de participar de qualquer outra produção, tanto no teatro quanto no Cinema.
Na época, a família Fleming estava em conflito judicial contra a produtora que detinha parte dos direitos sobre o personagem, alegando que todos os livros de Fleming já haviam sido filmados (apesar de "License to Kill" ter sido baseado em um dos contos do livro "Live and let die", do próprio Fleming). Dalton, que firmara contrato de fazer um terceiro filme, não esperou a decisão judicial e desligou-se do projeto seguinte - "007 - Contra Goldeneye", que acabou sendo estrelado por Pierce Brosnan.
Dalton nunca foi um ator dos holofotes da grande mídia, apesar de ter vivido o badaladíssimo 007. Só os fãs de seus trabalhos o enxergam. No Cinema, Dalton trabalhou em várias produções de época - como uma versão de "...E o vento levou" e "Jane Eyre", adaptação da obra de uma das irmãs Brönte.
Eu, como profunda admiradora de atores e atrizes esquecidos por todos (:-)) me declaro fã do Dalton. Tenho em casa um filme maravilhoso em que ele contracena com a também sumida Valeria Golino e que, infelizmente, nunca foi lançado em DVD aqui no Brasil. A produção francesa "A amante do rei", de 1990, mostra o talento inquestionável do Dalton - em outra ocasião falarei sobre essa obra-prima.

Example
Timothy Dalton em cena com Benicio Del Toro e Robert Davi

Em "007 - Permissão para matar", o famigerado agente a serviço de Sua Majestade arregaça as mangas e parte pra luta. Bond e um companheiro de trabalho perseguem um poderoso traficante de drogas, Franz Sanchez, conseguindo levá-lo preso. Mas Sanchez paga um grande quantia para subornar um oficial e foge, sem que James saiba de imediato.
Com um enorme desejo de vingar-se, Sanchez seqüestra o parceiro de Bond durante sua lua-de-mel e mata sua esposa. Leva-o à sua empresa de fachada, onde há um tanque repleto de tubarões famintos, e joga-o dentro. O agente sobrevive com sérias seqüelas, mas fica profundamente abalado pela morte da mulher. Bond, que era muito amigo dos dois, resolve tirar tudo a limpo, pagando a Sanchez com a mesma moeda.
Aproveitando-se da esposa infiel do traficante e aliando-se a uma piloto, grande conhecedora das rotas do tráfico de drogas, Bond deseja desmantelar o organizadíssimo esquema de narcotráfico montado por Franz e vingar o que foi feito aos amigos. Impedido de agir por vingança, Bond deserta do Serviço Secreto Britânico e dedica-se sozinho à nova missão.


James Bond (Timothy Dalton) e Pam Bouvier (Carey Lowell) recebendo novos equipamentos de Q, interpretado por Desmond Llewelyn: ele fez o inventor predileto de 007 em 17 filmes da franquia

Com claras referências ao action cine da década de 80, que trouxe grandes clássicos do gênero como "Duro de matar" e "Máquina mortífera", "007 - Permissão para matar" é, ao meu ver, um dos melhores filmes da franquia. Timothy Dalton consegue dar equilíbrio entre seriedade e humanismo a James Bond, sem perder o charme. Muitas cenas bem boladas de ação e um elenco de ótima qualidade, com o iniciante Benicio Del Toro como o maligno capanga de Sanchez e o ator Robert Davi, bastante presente em filmes do gênero nessa época, interpretando Sanchez. Sem deixar de citar as sempre belas bond girls, aqui vividas por Talisa Soto e Carey Lowell.

Um filme ótimo. Recomendadíssimo :-)

- Quer saber mais sobre o 007? Visite:
http://jamesbond.com/
(em inglês)

Grande abraço!
da Elis

"007 - License to kill"

Origem / Ano: EUA/ 1989
Duração: 134 min
Direção: John Glen